O discípulo e a sua vida de oração ( 2 )
( baseado nos textos de Eugene Peterson)
Sem a prática nenhum discípulo se tornará um homem ou mulher de oração. E a prática não pode ser alcançada sem a perseverança.
Viver em oração, orar com um espírito espontâneo, com ale¬gria, com gratidão e com adoração, é algo que está além, muito além de nossa pobre capacidade humana.
É preciso aprender a orar no espírito .O Espírito nos ensina a orar.
Através da Palavra e do exercício diário , O Espírito Santo vai nos tornando homens e mulheres de oração.Pouco a pouco nos convence dos erros que cometemos ao orar. Mostra-nos que a vida de oração tem se tornado uma atividade penosa por causa dos erros que temos incorrido quando oramos.
Então nos aponta qual é o verdadeiro significado da oração e o maneira adequada como devemos orar. Aos poucos adquirimos a prática necessária. Adquirir experiência na oração é como aprender a manejar com eficiência qualquer instrumento.
É difícil manipulá-lo enquanto não o fazemos de maneira ade¬quada.A qualidade e eficiência, ficam comprometidas .A vida, em todos os seus aspectos, é regida de leis específicas. Onde tais leis são obedecidas, a vida é sadia e exuberante.
De igual modo, a vida de oração tem as suas leis próprias. Se violamos essas leis, se oramos de modo inadequado, nossa vida de oração será pesada e infrutífera. Se, porém, descobrimos e segui¬mos as leis que regulam a oração, leis que Deus mesmo estabeleceu quando nos concedeu o privilégio de estar diante de sua face , então a oração será sadia e normal. Há quem possa dizer : “Que vantagem há em orar? Não vejo efeito nenhum da oração em minha vida.
Vamos considerar alguns dos erros mais co¬muns que fazemos quando oramos, conforme nos ensina o Espírito Santo através da Palavra.
1.Pensamos que é necessário ajudar a Deus a atender-nos a oração.
Isto nunca foi a intenção de Deus. Nossa parte é orar. Deus se incumbirá de ouvir e atender. Para isso Deus não precisa de nenhum concurso de nossa parte.E’ surpreendente até que ponto somos nós influencia¬dos pela ideia de que, por meio de nossas orações, devemos ajudar a Deus, até certo limite, a responder-nos as petições. Quando não mais, pensamos, pelo menos, que nos incumbe sugerir a Deus como nos deveria Ele responder. Tomemos um exemplo de nossa prática diária da oração. Seja o caso de orarmos em favor de duas pessoas, pe¬dindo que sejam despertadas e convertidas. E’ fácil orar por uma delas: não é tão fácil orar pela outra.
Por quê?
Bem, uma é pessoa cuja índole, cuja educação e cujo temperamento são tais que nos causam a impressão de que será comparativamente fácil de converter-se. Em outros termos, quando vemos algum meio de atender-nos Deus às petições, é-nos fácil orar.
A outra, porém, é uma personalidade de índole, edu¬cação e temperamento de tal ordem que não podemos ver como se poderá humilhar e prostrar diante de Deus, como poderá ser persuadida a confessar seu próprio pecado e a com êle romper decididamente e a aceitar o vitupério de Cristo identificando-se com o pequenino e desprezado rebanho de crentes na terra.
Porque não vemos como Deus nos pode responder a essa súplica, parece-nos difícil orar em favor de tal pessoa. O Espírito de oração quer-nos ensinar que não deve¬mos de preocupar-nos com a questão de se a resposta de Deus à nossa oração Lhe é fácil ou difícil. O que pensamos ou deixamos de pensar a esse respeito não exerce influência alguma no fato de ser a oração ouvida e respondida.
Não apenas isso, porém; produz mesmo um efeito prejudicial e destrutivo sobre nossa vida de oração, porque despendemos energia em algo que não é nosso mister e de que o Senhor jamais nos incumbiu. Este segredo da oração se me desvendou, certa vez, muitos anos passados, quando estava lendo a encantadora mas sucinta narrativa das núpcias em Caná da Galiléia .
João2:1-11
" Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento.Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho.Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas.Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram.Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora. Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
Jesus, Sua mãe e Seus discípulos haviam sido convi¬dados para um casamento.
E’ bem provável que a família fosse aparentada com a de Jesus ou, pelo menos, lhe fosse muito intima. Pelo menos podemos observar que os chefes da casa informaram a mãe de Jesus acerca de uma situação embaraçosa : o vinho se esgotara. Então a mãe de Jesus se revela experimentada e autêntica mulher de oração.
Em primeiro lugar, ela se encaminha à presença de Jesus e simplesmente O informa do que está acontecendo.
Em segundo lugar, notem o que ela diz: a Jesus.
Apenas estas poucas e singelas palavras “Eles estão sem vinho.
Oração é isso. Orar é dizer a Jesus aquilo de que carecemos.
Intercessão é relatar a Jesus aquilo que percebemos estar faltando a outros.
Em terceiro lugar,observem que ela não fêz mais nada. Após comunicar a Jesus a necessidade da família sabia ela que nada mais lhe restava fazer.
Sabia que não era necessário tentar ajudar a Jesus , sugerindo--Lhe o que devesse fazer, ou coisa parecida. Ela O conhecia e estava certa de que o problema havia sido deixado nas mãos certas . Nem sequer ficou em dúvida quanto ao que Jesus iria fazer com o seu comunicado.
Reconhecia, também, que não era preciso influenciá-lo ou persuadi-lO a que ajudasse àquela família .
Em quarto lugar, aprendemos com Maria que ,apre¬sentado o seu pedido, nada mais tinha a ver com a questão; Ela passara às mãos de Jesus. Portanto descançou.
Ela tinha feito o seu papel. Agora já não tinha mais responsabilidade na embaraçosa situação. A responsabilidade era agora de Jesus.
Era Jesus que tinha agora de atender ou não e se atendesse - achar os meios de ajudar os chefes da casa.
Note-se que Maria, nunca antes vira Jesus transformar água em vinho,
Logo, é quase certo natural que ela nem pensasse numa solução como essa.
Ela conhecia Jesus muito bem e sabia que Ele sempre tinha uma solução adequada para toda e qualquer situação.
Isso era algo que não lhe dizia respeito e acerca de que não necessitava de perder tempo e esforço.
Eis aí alguém que verdadeiramente é um exemplo . Uma mulher que orava corretamente! Para muitos de nós a oração continua sendo uma atividade penosa, porque não temos aprendido ainda que orar consiste apenas em levar ao conhecimento de Jesus a nossa necessidade ou a necessidade de uma outra pessoa. Entretanto , achamos que isso não basta. Orar não pode ser coisa assim tão simples.
E, essa é a razão porque tantas vezes deixamos o lugar de oração com o coração apertado.
Será que Deus vai mesmo me ouvir ?
Será que Ele vai dar atenção a este pedido tão simples ?
Como Ele vai fazer ? Tudo parece tão impossível .”
Quem será que ele vai usar ?
Quais os métodos que vai usar ?
De onde virá o que necessito ?
Quando será que virá a resposta ?
Então passamos a viver um estado de intensa ex¬pectativa. A ansiedade começa nos invadir, acompanhada de uma certa dose de angústia. E se a resposta não vem logo , ai então concluímos que devemos fazer mais alguma coisa até que, ao fim, Deus acabe por nos ouvir.
Precisamos aprender com Maria , a mãe de Jesus.
Precisamos aprender a conhecê-lO tão bem que nos sentimos seguros após confiar-Lhe as dificuldades que nos afligem.
Conhecer a Jesus assim é pré requisito qualquer oração legítima .
Portanto, é isso que o Espírito santo nos tenta ensinar. É sua tarefa, sua missão revelar-nos Cristo e glorificá-lO .
João 16:13-14 ". . .quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar."
À proporção que vamos aprendendo a conhecer melhor a Jesus, nossas orações se tornam confidências tranquilas e conversas abençoadas com Ele, nosso melhor Amigo.
Os assuntos serão os mais variados e descontraídos. Tudo aquilo que nos vai pela mente, sejam as nossas próprias necessidades, sejam as dos outros.
Experimentamos uma paz indescritível e uma segurança maravilhosa .
Quando con¬fiamos-Lhe nossos problemas, pequenos ou grandes, estaremos certos de que Ele não só está pronto a agir pelo nosso bem mas também sabe o que nos é melhor e o tempo mais adequado para que estas coisas aconteçam.
Nossa vida de oração se tornará especialmente se¬rena quando compreendemos realmente que, depois de lhe ter falado acerca de qualquer situação, só nos resta agora esperar e descançar.
Filipenses 4:6 "Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças."
A partir desse momento nós Lhe transferimos a responsabilidade.
Quando aprendemos este segredo , com o Espírito Santo, nossa vida de oração se livra de muita da¬quela ansiedade e daquela inquietação interior que tínha¬mos antigamente ao orar.
E após orar, experimentamos uma nova paz. Passamos a questão às mãos de Jesus, e como Sua mãe, podemos retornar a nossas ocupações serenos e felizes. Jesus agora assumiu a tarefa. Ele está no controle . Então tudo está bem
Em lugar da ansiedade e da inquietação de antes, podemos talvez apenas experimentar uma espécie curiosidade, ou seja , já que a questão está nas mãos de Jesus, como será que Ele vai resolver esse problema
Outro erro na vida de oração :
2.Usamos da oração com o propósito de ordenar a Deus que nos faça a nossa vontade.
Na oração do Pai nosso oramos : venha nós o teu reino faça-se a tua vontade.
Entretanto temos a mania de nos esquecer desta oração ensinada por Jesus. Este é o segundo grande e comum engano que cometemos em relação à oração. Deus, porém, jamais pre¬tendeu que se utilizasse a oração para tal fim. Deus não permite que Lhe demos ordens. O Senhor não nos deu Suas promessas e o privilégio da oração para que os empreguemos , como se estivéssemos batendo sobre a mesa dele com um punho autoritário a exigir que ele faça o que nós queremos , do jeito que quermos e no tempo que queremos.
(Continua na terceira postagem desta série)
Marcadores: discipulado, oração
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