sexta-feira, 2 de julho de 2010

O discípulo e a sua vida de oração ( 3 )

Voltemos às bodas de Caná e sigamos os acontecimentos mais um pouco. De novo a mãe de Jesus nos proporciona uma preciosa orientação acerca do modo conveniente de orar. Foi ela ao Filho, conforme o texto, e Lhe disse: "Estão sem vinho”. A resposta que recebeu foi, um tanto ríspida, seca e evasiva.

" . . .Mulher, que tenho eu contigo? Minha hora não é ainda chegada.”

Imaginemos por um instante, se fôssemos nós quem re¬cebesse essa resposta. Que acham teria acontecido?

Acho que teríamos dito, como o temos feito vezes tantas:

“Ó, eu oro, mas Deus não me ouve quando eu oro”. E quando ele responde , não é do jeito que eu queria. Ai então. . . E retornaríamos á nossa vidinha totalmente desencorajados e desanimados.

Vamos voltar a nossa atenção para a mãe de Jesus.Ela recebeu uma resposta dura, realmente muito dura. Eu creio que se deveu ao fato, de Jesus estar sofrendo, nesse momento, uma forte tentação. E isso motivado pela própria mãe.

Veio ela e Lhe falou do vexame a que os estimados anfitriões estavam prestes a passar . Uma festa sem vinho, ou pouco vinho.

A necessidade pedia uma pronta ação para que nenhum dos convidados viesse a descobrir que o vinho estava acabando . Isso dava margem a que Jesus fosse tentado a agir antes da hora determinada. Esta era a relação de obediência e de dependência em que Jesus vivia para com o Deus o Pai. Ele mais tarde chegoui a dizer : que Ele “nada podia fazer de Si Mesmo” (João 5:19).

E em fazendo a vontade do Pai, tinha Ele de aguardar fosse chegada a hora do Pai.

Jesus sentiu, nesse momento, a tentação de intervir antes de chegada a hora do Pai.
E a tentação era tanto mais intensa já que partia de sua própria mãe.

". . .Mulher”. Uma palavra dura para se dirigir aquela que era a sua mãe, .
Mas, foi exatamente nesse momento que ela demonstrou a experimentada mulher de oração que era.

1.Em primeiro lugar submeteu-se humildemente à repreensão de Jesus .

Nenhuma palavra murmurou ela que refletisse descontentamento ou contrariedade.
Não sabemos se ela compreendeu então a razão que motivara a severa palavra de Jesus.
Mas, haja compreendido ou não, ela a aceitou resignadamente . Reconhecia que o que Ele dizia era reto e pertinente, quer entendesse ela ou não.

2.Em segundo lugar, verificamos que a dura resposta que recebeu não abalou a sua certeza de que Jesus lhe atenderia o pedido e tomaria as devidas providencias. Tão segura estava disso que procurou imediatamente os serventes e lhes disse: “O que Ele vos disser, fazei-o”.

Que é que ira acontecer, ela não poderia imaginar. Todavia, que alguma coisa iria acontecer, não lhe restava a menor dúvida, pois Jesus já havia tomado o problema em Suas próprias mãos.

3.Em terceiro lugar, e este é o ponto de maior importância . . .ela não fez nenhuma tentativa para mudar Jesus.

Conhecia-O já suficientemente para não ousar nenhuma atitude desse tipo

Precisamos aprender este segredo da oração : não deve¬mos interferir em nossas orações mas deixá-lo inteiramen¬te a Deus, isto é, o QUANDO e o COMO da resposta a nossas orações.

Somos muito impacientes. Este é o caso , especialmente quando há algo urgente.
Chegamos a planejar para Deus a resposta às nossas orações e isto com detalhes.

Achamos que há apenas uma coisa para Deus fazer em resposta a nossa oração. E essa resposta precisa vir agora, precisa vir imediatamente. E tem de ser exatamente como a planejamos.Então paramos de orar , seguros de que Deus dará uma resposta inconfundível e a anteci¬pamos hora a hora. Mas, nada se manifesta.

- A cura de doença pela qual oramos não acontece , o dinheiro que precisávamos não veio,
- O emprego não deu certo,
- O marido continua bebendo,
- O filho não consegue sair das drogas,
- As dívidas continuam,
- Nenhum braço todo-poderoso parece refrear as tragédias

De novo a oração se tornou um esforço inútil . E começamos a sentir-nos cansados de orar.
Que desapontamento! Que decepção! Que indisposi¬ção nos sobrevém à vida de oração depois de experiências como estas.

Por que tudo isto acontece ? Não nos ouviu Deus a oração?

Indiscutivelmente, sim; e pôs-se imediatamente a promover-lhe a execução.
Mas, Éle se reservou o direito de decidir quando e como deferir a petição. E a seu próprio tempo a resposta advirá.Nós, entretanto, não a recebemos como tal.
Há muito que nos esquecéramos de que havíamos orado pedindo exa¬tamente o que agora se nos concede.

Pelo menos, nós não o reconhecemos como resposta a oração que houvéssemos feito.

Tínhamos planejado a resposta de modo muito defi¬nido e quando não a tivemos nos termos que estabelecêramos, concluímos que não iríamos receber resposta alguma.


Não há dúvida de que muitas são as respostas de Deus que recebemos dessa maneira, respostas que não reconhecemos como tais e de que, portanto, não derivamos a plenitude de alegria e benefícios e, o que é mais importante ainda, respostas por que não somos agradecidos.
Nossa vida de oração, em outras palavras, nos deixa mais pobres do que realmente somos, porque não percebemos as respostas de nossas preces.
Inquestionavelmente, todos sentimos que ainda temos muito que aprender com o Espírito Santo.

Sentimos, também, que se Ele nos pudesse ensinar êste simples mas im-portante segredo da oração, nossa vida de oração seria bem diferente. Compreendemos mesmo que a deficiência de nossa vida de oração se deve, de fato, a não confiarmos em nosso amado Senhor. Achamos que sabemos melhor do que Ele quando e como devem nossas orações ser respondidas.

Usamos a oração para convencer a Deus de que temos visão da verdadeira perspectiva do caso, de que a resposta deva ser dada imediatamente, e de que ela deve obedecer ao plano que nós elaboramos. Inconscientemente nos servimos da oração para tentar persuadir a Deus de que nisso estamos com a razão.

E é essa a luta com Deus que nos torna tão preocupa¬dos e tão ansiosos quando oramos.
Tememos que Deus não se deixe persuadir com os nossos argumentos e que, ao contrário, Deus venha a agir como bem Lhe parecer e bem indiferente às nossas súplicas. Isso faz da nossa vida de oração , uma tarefa pesada e desgastante.

Precisamos pedir ao Espírito santo que nos ensine e nos convença das verdades a respeito da Soberania de Deus, então expe¬rimentaremos alivio e paz ao orarmos.

Precisamos pedir para o Espírito Santo nos ensinar também que não há perigo em deixar nas mãos de Deus , o tempo e os meios que ele mais julga oportunos para nossas súplicas e intercessões . Sendo assim, nossos momentos de oração tornar-se-ão, de fato, períodos de refrigério, de gozo.

Começaremos a perceber que é a vontade de Deus não somente ouvir as nossas orações mas também dar-nos a melhor e mais completa resposta que êle, o Deus Todo-Poderoso e Onisciente, pode proporcionar.

Deus nos dará a resposta quando maior for a soma de bene¬ficios que ela pode nos trazer. Deus nos responderá através dos meios que mais e melhores resultados nos possam alcançar. Tomemos um exemplo da nossa experiência cotidiana de oração.

Oramos em favor de nossos queridos, especialmente por aquêles que ainda não sao convertidos.

Oramos dia após dia, semana após semana, ano após ano. Nenhum deles, entretanto, se converte. Se alguma alteração neles se percebe é antes para pior. Tornam-se até mais munda¬nos, mais renitentes no pecado, mais recalcitrantes ao cha¬mado de Deus.

Surge a pergunta “Por que não nos ouve Deus as orações?” Ele atende as súplicas de tantas cutras pessoas.

É o caso, por exemplo, de uma família crente cujos filhos foram todos ganhos para Cristo. Isto concorre para que mais difícil e inexplicável se nos torne o fato de não serem nossos próprios filhos convertidos.

Voltando-se para Deus, preocupado com a situação, ora você mais fervorosamente do que nunca; você se torna até violento em suas preces.

Faz ver a Deus que Ele precisa salvar seus queridos e isso imediatamente. Mas, após haver orado dessa forma, não se sente bem.
Não lhe invadem a alma paz e confiança, quer antes, quer depois de orar.

Uma vez mais você orou em direto desacórdo com as leis que regem a vida de oração. É por isso que lhe é tão penoso orar. Você usou a oração para ditar a Deus quando e como deve Ele de salvar-lhe os queridos.

Quão diferentes se nos tornam as preces intercessó¬rias em favor de nossos queridos quando aprendemos a dei¬xar tudo nas mãos de Deus

Fazem-se elas serenos e con¬fidenciais colóquios nossos com Ele a respeito daqueles a quem tanto amamos e por quem estamos tão solícitos até que se reconciliem com o Senhor. Verá, então, maravilhas em seu lugar secreto de ora¬ção. Verá Jesus , seu eterno Sumo Sacerdote ajoelhado a orar.

Vê-lo-á acenando-lhe a que se ajoelhe a Seu lado e o ouvirá a dizer: “Você ama a êsses queridos seus, mas Eu os amo ainda mais. Eu os criei. Morri pelos seus pecados.

Você e Eu, ambos os amamos. Agora, oremos para que entrem no reino dos céus. Somente não se desanime nem desespere, se demorar!”

Não é verdade que horas tais consumidas em diálogo com Jesus acerca de nossos queridos se tornam períodos de oração realmente abençoados? Você se ergue sereno e con¬fiante, não importa quão mundanizados e obstinados se ha¬jam feito aqueles por quem ora.

3.Esquecemo-nos de orar em nome de Jesus.

Todo discipulo de Jesus que tem gozado de comunhão com Deus prova várias experiências nos mo¬mentos de oração. Momentos quando, por assim dizer, Deus nos os toma em seu colo, e carinhosamente o aperta junto ao Seu coração. Momentos quando Ele sussurra palavras indescritíveis, direto às nossas almas. E, todavia, o que Ele nos falou não continha novidade.

Eram coisas conhecidas e familiares, verdades da Bíblia referentes à Cruz e ao Sangue e ao infinito amor de Deus para com os pecadores. Mas era Deus que estava falando. Nosso coração transbordou de indizível gozo. jamais imagináramos, até então, que possível fosse experimentar aqui na terra algo tão bem-aventurado.Então começamos a orar. Não podíamos deixar de fazê-lo. Nosso coração estava a extravazar e era tão delicioso falar com Deus em condição assim tão venturosa.

Agora era fácil orar. Víamos a Deus plenamente porque estávamos tão próximos dEle. Víamos quão bom é Ele. E é por isso que era tão agradável poder falar-Lhe aberta¬mente de nosso pecado, de nossas tristezas, de nossas afli¬ções, de nossas preocupações íntimas, nosso temores, nossa ansiedade.

E, havendo-Lhe falado dessas coisas, começamos a falar-Lhe a respeito de nossos queridos. Era tão fácil. Nunca antes nos havíamos sentido tão à vontade para apresentá-los a Deus e deixá-los em Suas mãos.

Mas, não paramos ai. Tudo que nos ocorreu à lem¬brança se nos tornou matéria para oração e ação de graças. Falamos com Deus acerca de nossos parentes e de nossos amigos, acerca de crentes e incrédulos, acerca de todos os diversos aspectos da obra cristã. Nosso coração estava tão repleto de amor e solicitude que estaríamos dispostos a jubilosamente levar o mundo inteiro a Deus nos braços da oracaO.

Então exclamamos: “Daqui em diante irei orar dife¬rentemente. Imaginar que até agora tão reduzido foi o meu entendimento da abençoada função da oração! Agora vai ser diferente!” Diferente se tornou, de fato, nossa vida de oração. E assim continuou não apenas por alguns poucos dias mas durante semanas, meses até.

Algo ocorreu, então. Ao orar, certo dia, não sentimos o gózo costumeiro e .0 zêlo usual que vínhamos experimentando já por certo tempo. Arrazoamos: “É questão passageira. Neste mo¬mento orarei apenas por aquilo que parece mais urgente. Intercederei quando sentir que a disposição conveniente de nóvo me invade o coração.” Nosso coração estava tão indisposto, tão indiferente que não parecia possível comcçar a orar por tódas essas coisas outra vez.
Mas aquela bendita disposição que havia experimentado não lhe voltou ao coração. E, aos poucos, retornou você ao primitivo modo de orar.


Por que isto se deu?
( Continua na quarta postagem desta série )

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