quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DESENVOLVENDO AFETOS NO DISCIPULADO

Não é preciso muito esforço para notar que as principais características da cultura atual são narcisismo, materialismo, consumismo e hedonismo generali¬zados.
O relativismo corrompeu o nosso senso de fé e destruiu os nossos valores éticos, morais e espirituais. A Igreja de nossos dias se caracteriza pela busca desenfreada pelo poder, status e virou uma opção financeira lucrativa. Há uma multidão que muda de rebanho atrás dos shows de milagres. São pessoas atrás de sinais e maravilhas mas pouco interessadas em mudar o seu caráter na semelhança de Cristo. Pastores e evangelistas se tornaram marqueteiros desonestos. Prometem liberação de bênçãos retidas se o indivíduo comprar uma Bíblia no valor R$ 900,00. Que absurdo! Programas de rádio e TV deixaram de ter como prioridade a pregação do Evangelho e se tornaram uma ótima opção de arrecadação. Vários líderes brasileiros às custas das ofertas já possuem jatinhos e helicópteros sofisticados.
Os cantores evangélicos, a grande parte deles se transformaram em ídolos que arrebatam gritos histéricos das massas. O louvor e adoração foram esquecidos e o show predomina.
Outra parte da igreja brasileira vive correndo atrás de pacotes e estratégias enlatadas de igrejas de outras culturas. Os pastores deixaram de ter sua hora com Deus para ouvir o que Ele tem a dizer sobre eles e sobre a Sua vontade para sua vida e minsitério.
Preferem ficar correndo atrás de eventos e mais eventos que empurram pacotes e estratégias de crescimento milagroso. Conheço um colega que em 4 anos mudou de estratégia mais de 6 vezes.

Por outro lado, a grande parte dos evangélicos se tornaram vítimas do con¬formismo alienado - voltados para si mesmos, indiferentes, de coração vazio. Entorpecidos, egocêntricos vivem uma relação de conveniencia com a Igreja. Como clientes exigentes que pagam para que os outros façam, deixaram de vivenciar a mutualidade bíblica e a comunhão solidária, espontânea e consciente. Se tornaram escravos da auto-satisfação

Uma cultura destituída de valores alimenta o mais terrível dos tiranos. Sem perceber, adotamos quase completamente uma imitação do sistema de valores da cultura secular.


Grande parte da Igreja brasileleira tem ouvido um evangelho distorcido fundamentado numa teologia duvidosa. A preocupação não é mais pregar o que as pessoas precisam ouvir, mas o que elas gostam de ouvir. A graça barata impede a Igreja atual de causar um impacto verdadeiro por Cristo na cultura moderna. Como já dizia Jonathan Edwards . . . “Os cristãos não conseguem combater de modo eficaz o secularismo porque não entendem a si próprios. Grande parte do cristianismo vendido com esperteza não passa de adaptação religiosa de valores egocêntricos da cultura secular.
A integrida¬de pessoal, viver o Evangelho como servos do Cristo vivo, é uma verdade há muito esquecida na teologia praticada por grande parte dos líderes atuais e os membros de suas igrejas.
Or¬ganizamos, empacotamos, vendemos, politizamos e institucio-nalizamos a religião, como fazemos com tantos outros produtos e programas.
A pessoa que segue a verdadeira religião se preo¬cupa com quem eu sou diante de Deus e com a transformação de seu caráter, operada no coração pela graça de Deus.
Os teó¬ricos doutrinários e rígidos, por um lado e, por outro, contra os entusiastas sem equilíbrio e tomados pela emoção. Rejei¬tava grande parte da histeria, das emoções bizarras e do en¬tusiasmo efémero associados às reuniões de reavivamento de sua época.

Nós simplesmente substituímos as manifestações saudáveis de nossas emoções por manifestações mais sutis do cristianismo cultural.

Hoje, muitos membros de igreja falam com o linguajar cristão, participam das reuniões de oração e grupos de estudo bíblico, fazem parte de organizações evangélicas, mas têm o coração tão duro e insensível quando os daqueles a quem Cristo dirá um dia: Afastai-v-s de mim, malditos – para o fogo eterno.

A confrontação com o pecado e o desejo desesperado de se ver livre dele faz parte da essência da conversão a Cristo. E, quando enxergamos nosso pecado, só podemos viver em gratidão a Deus por sua maravilhosa graça.

O compromisso com Cristo não se evidencia por mera conformi¬dade a regras, mas sim por um novo coração.

O que conta é a atitude por trás da ação. Portanto, embora nos dediquemos a ações cristãs - como defensores de uma causa, políticos ou ci¬dadãos conscientes —, sem serviço autêntico e altruísta as obras serão vazias.

Só o Espírito Santo confere motivação verdadeira, vitalidade que amadurece em frutos de caráter, nascidos a partir de gratidão a Deus.

Existe um tipo de prática religiosa exterior sem qualquer ex¬periência interior que não vale nada aos olhos de Deus. Não serve para nada.

E. há também o que se chama experiência, sem prática, que não é, portanto, seguida por nenhum comportamento cristão.

Isso é pior do que não fazer nada. Sempré que uma pessoa encontra no íntimo um coração que se relacione com Deus como Deus, quando for enviado, desco¬brirá sempre sua disposição inclinada à experiência prática.

Se, então, a espiritualidade consiste em larga escala de afeto santo, é no exercício prático do afeto que sua disposição proclama a verdadeira espiritualidade.
Se a realidade do Cristo vivo deve ter algum significado para a sociedade à nossa volta, ele precisa ser visto dessa forma.
O Evangelho precisa se manifestar através de mudanças em nosso caráter, expressas através de serviço altruísta no meio da cultura que exalta o ego.
Precisa ser comunicado por expressões práticas de compaixão — compartilhar o sofrimento e atender às necessidades dos pobres, famintos, doentes e aprisionados.
Só através dessa expressão prática dos verdadeiros afetos e do relacionamento real com o Cristo ressurreto a vi¬são cristã do mundo, tão atacada por todos os lados, prevalecerá no vazio dos nossos dias.


Primeiro, ele recuperou a realidade do cristianismo em seus afetos pessoais e depois viveu-os através da luta incansável pela abolição da escravidão.

A Europa era varrida por ondas de humanismo quando Jonathan Edwards escreveu: ". . . A infidelidade se levantou sem pudor," mas concluiu "Preciso confessar com ousadia se¬melhante que minhas esperanças sólidas pelo bem-estar de meu país não dependem de navios, exércitos, sabedoria dos gover¬nantes, nem do espírito do povo, mas na certeza de que ainda existem muitos que amam e obedecem ao Evangelho de Cristo. Creio que as orações deles prevalecerão".
Logo depois disso aconteceu um dos grandes reavivamentos da era moderna. Assim, acredito também que as orações e as obras dos que amam e obedecem a Cristo em nosso mundo po¬dem prevalecer enquanto mantêm viva a mensagem de homens como Jonathan Edwards.

Quando isso acontecer, como ele pre¬viu, o verdadeiro cristianismo será "declarado e revelado de tal forma que, no lugar de espectadores endurecidos e de promover o ceticismo e o ateísmo, o homem se convencerá de que existe realidade no Cristianismo - outros, vendo as boas obras, glorificarão o Pai que está no Céu".

Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar Lde não o verem agora, crêem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa" (I Pedro 1.8).

Com essas palavras o apóstolo descreveu o estado mental dos cristãos a quem escrevia, que sofriam perseguição.

Nos dois versículos anteriores ele trata da perseguição, falando de "pro-vações" e "entristecidos por todo tipo de provação".

Tais provações acarretam três benefícios para a verdadeira religião.

1.Em primeiro lugar, mostram o que é a verdadeira reli¬gião, pois as dificuldades tendem a fazer distinção entre o falso e o verdadeiro.

As provações testam a autenticidade da fé, assim como o ouro é testado pelo fogo.
A fé dos verdadeiros cristãos, que é testada e se mostra verdadeira, "resultará em louvor, glória e honra", como o versículo 7 afirma.

As provações, então, são um benefício a mais para a ver¬dadeira espiritualidade não apenas porque manifestam a verdade, mas também porque destacam sua beleza e atração.
A virtude fica mais atraente quando é oprimida. A excelência divina do cris¬tianismo genuíno se apresenta melhor sob as maiores prova¬ções. Então, ela resulta "em louvor, glória e honra".

O terceiro benefício para a verdadeira religião é que as provações a purificam e intensificam. Não se limitam a mostrar que ela é verdadeira, também a libertam de influências falsas. Fica apenas o que é real. As provações aumentam a atração da verdadeira religião. São esses, então, os benefícios das persegui¬ções religiosas em que o apóstolo pensava, quando escreveu o versículo acima.
No próprio texto, o apóstolo observa como a verdadeira religião operava nos cristãos a quem escrevia e como eles viam esses benefícios de perseguição. Ele sentia que o sofrimento de¬les revelava dois exercícios da verdadeira religião.
1. Amor a Cristo
"Mesmo não o tendo visto, vocês o amam". O mundo queria saber que princípio estranho influenciava aqueles cris¬tãos e os levava a se exporem a tanto sofrimento e a renun¬ciarem a tudo de que gostavam e era agradável aos sentidos.

O mundo que os cercava os considerava loucos, já que agiam como se odiassem a si mesmos.

O mundo não conseguia ver nada que os levasse a sofrer tanto ou a sustentá-los durante as provações.

Eles sentiam amor sobrenatural por alguma coisa invisível. Amavam Jesus Cristo, a quem viam espiritualmente, mas o mundo não O via.
2. Alegria em Cristo

Os sofrimentos visíveis eram intensos, mas os cristãos possuíam alegria espiritual interior maior do que o sofrimento.

Isso os sustentava e os capacitava a sofrer com alegria.

O apóstolo comenta dois aspectos sobre a alegria.

Primei¬ro, fala sobre o modo como ela aparece. Cristo, pela fé, é o fun-damento de toda alegria.

Isso é a evidência de algo invisível: "apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam".

egundo, fala sobre a natureza da alegria: ela é "indizível e gloriosa".

Indi¬zível porque é muito diferente da alegria mundana e dos prazeres carnais.

Sua natureza é mais pura e sublime, é celestial porque é sobrenatural, divina, excelente, acima de qualquer descrição.

Não há palavras para descrever a sublimidade e a rica doçura da alegria em Cristo.

É indizível também porque Deus distribui aos cristãos essa Sua alegria santa com liberalidade e, em grande medida, quando se encontram sob a ameaça da perseguição.

A alegria deles era repleta de glória. Pode-se dizer isso.

Não há palavras mais adequadas para representar a excelência da alegria.

Enquanto eles se regozijavam, um brilho glorioso to¬mava conta das mentes, e a natureza deles era exaltada e aper¬feiçoada.

Era um regozijo digno e nobre, porque não corrompia nem pervertia a mente, como as coisas carnais costumam fazer. Em vez disso, a mente recebia beleza e dignidade.

A antecipação da alegria do Céu elevava a mente deles a um êxtase celes¬tial e os enchia da luz da glória de Deus, fazendo-os brilhar com a manifestação dessa glória.

Com esse pensamento em mente, proponho o seguinte princípio: "A verdadeira religião consiste, em grande parte, de afetos santos".

O apóstolo, observando e comentando os efeitos das pro¬vações sobre a verdadeira religião, indicou o amor e a alegria como os dois afetos religiosos a serem exercitados.

Esses afetos demonstram que a religião deles é verdadeira e pura em sua glória característica.

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